Google+ A Balada do Velho Marinheiro - IV | A Pirâmide de Kukúlkan

O último reduto onde os Asseclas do CONCLAVE encontram-se...

A Balada do Velho Marinheiro - IV


A Balada do Velho Marinheiro

EM SETE PARTES


PARTE IV

"Tenho medo de ti, ó velho
Marinheiro!
De tua mão escarnada!
E tu és alto, e esguio, e escuro
como a areia
Dos mares estriada.
(O convidado nupcial teme que quem lhe fala é um Espírito;)

Tenho medo de ti, do olhar teu
cintilante,
E da escarnada, escura mão..."
Convidado Nupcial, não temas;
este corpo
Não tombou. Ainda não!
(Mas o velho Marinheiro o reassegura de sua vida corporal, e prossegue o relato de sua horrível penitência.)


Ah, sozinho, sozinho,
inteiramente só,
Num largo, largo mar!
E nunca nenhum santo se
apiedou
De minh'alma a agoniar.


Quadro 16: Nenhum santo teve piedade.


Uma tripulação tão grande - e
tão bonita!
E toda ali morreu;
E milhares, milhares de viscosos
seres
Vivendo... e também eu.

(Ele despreza as criaturas da calmaria, )


Lancei os olhos sobre o oceano
putrescente -
E os vazios desolados;
Ao convés putrescente desviei
os olhos -
E os mortos lá deitados.
(Despeitado por que elas vivem, e tantos jazem mortos.)


Quadro 17: Eu olhava para o mar pútrido


Olhei para o alto e quis orar,
mas não jorrou
Nem uma reza só;
Um sussurro malvado fez que o
coração
Secasse como pó.


Cerrando as pálpebras,
mantive-as comprimidas;
Como veias os glóbulos
pulsavam,
Enquanto o mar e o céu,
enquanto o céu e o mar
Jaziam como um peso em meu
cansado olhar...
E os mortos me rodeavam.


Os seus membros, nem fétidos
nem pútridos,
Destilavam suor gelado;
Os seus olhares - os olhares
que me olharam -
Jamais haviam passado.
(Mas para ele a maldição vive no olhar dos homens mortos.)


Mesmo à alma superior a
maldição de um órfão
Pode danar com seu poder;
Mais horrível, porém, é quando
o olhar de um morto
A nós vem maldizer!
Sete dias e noites vi tal
maldição,
E não podia morrer.


Quadro 18: E ainda assim eu não podia morrer


A Lua viajante alçava-se no
céu,
Nenhum lugar seu lar;
Doce subia, acompanhada de
uma estrela,
Ou duas, a brilhar...
(Em sua solidão e imobilidade, ele anseia pela Lua a viajar, e pelas estrelas que restam fixas mas ainda assim avançam; e em toda parte o céu pertence a elas, e é seu designado repouso, e seu país natal e seus próprios lares naturais, onde elas ingressam sem anúncio prévio, como soberanas que são certamente aguardadas e, no entanto, há um júbilo silencioso à sua chegada.)


Quadro 19: A Lua em movimento subiu ao céu


Qual geada de abril, zombavam
os seus raios
Do mormacento oceano;
Mas, onde a sombra imensa do
navio jazia,
Ainda a água do mar enfeitiçada
ardia,
Um rubro imoto e insano.
(À luz da lua ele contempla as criaturas de Deus na grande calmaria.)


Além da sombra do navio,
serpentes d'água
Vejo em minha agonia:
Movem-se em trilhas de
candura que fulgura,
E, quando se erguem, chispam
lâminas de alvura
Das luzes de magia.


Quadro 20: Eu observava as cobras-d'água


Dentro da sombra do navio, as
ricas vestes,
Suas vestes ricas vejo:
De azul, negro-veludo, ou verde
que rebrilha,
Nadam e se enovelam, quando
cada trilha
De áurea chama é um lampejo.
(Sua beleza e felicidade.)


Felizes criaturas! A beleza
vossa
Não há quem represente...
Uma fonte de amor jorrou deste
meu peito.
E as bendisse inconsciente.
Um bom santo de mim por
certo se apiedara,
E as bendisse inconsciente.
(Em seu coração ele as abençoa.)


Naquele mesmo instante orar eu
já podia;
E o albatroz, meu colar,
Se desprendeu de meu
pescoço, e mergulhou
Como chumbo no mar.
(Começa a quebrar-se o encanto.)

Sidinei Lander da Silva Pereira: Mestre de RPG, aprendiz de escritor, leitor voraz, quadrinista fanático, cinéfilo compulsivo, agnóstico independente, livre-pensador, fã incondicional de O Senhor dos Anéis (livro e filme), música para mim é Clássica, Jazz, Blues, Rock'n Roll e Metal! E tenho dois gatos... Quer saber mais sobre mim? Veja meu perfil no Google Plus!

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